Voz do Caima
É português, escritor, radicado no Canadá. No nº 4 de VOZ DO CAIMA foi
apresentado aos nossos leitores, assim como o seu conto “Rosas, Lírios e
Crisântemos”
Aproveitando uma curta estadia em Terras do Caima, Paulo Costa concedeu-nos a entrevista que a seguir transcrevemos.
Carlos Moura (C.M.) Começando pelas raizes, o Paulo Costa nasceu em Angola e veio viver a infância em Vale de Cambra. Fixou-se, entretanto, no Canadá. Tem saudades de Vale de Cambra?
Paulo Costa (P.C.) Sim, de Vale de Cambra dos anos 70, um Vale de Cambra
bucólico em que o Caima serpenteava ainda verde e límpido. Lembro-me dos
meus anos de criança a brincar no Caima, com os meus amigos, os peixes, da boa comida que ainda é o que me faz regressar.
C.M. Aliás, a comida é uma das coisas que ainda se preserva…
P.C. Sim! Aliás, penso que estamos a defender a nossa gastronomia; mais a
imagem que é a broa.
C.M. Essas pequenas coisas que, para nós que vivemos com elas todos os dias e às quais não damos grande importância, são mais intensas quando se está longe delas, anos a fio, ou pelo menos ano a ano… E nota-se mais a
modificação da paisagem, urbanística como a outra, quando se está longe?
P.C. Sem dúvida. Sempre que nos separamos, mantém-se uma fotografia do
momento em que se parte e, quando se regressa, a fotografia é outra e daí
que é sempre um choque, cada ano quando há mudanças, mas é a vida e é a
progressão.Em termos de gastronomia, a comida é uma memória que reside no corpo e daí que nunca sirva nessa procura dos paladares. Naturalmente e o facto de a nossa cultura portuguesa dar ênfase à comida e a comida como centro de convívio e centro da vivência de ser português que gostaria de nunca perdermos…
C.M. São muitos anos do Canadá, já se nota a diferença na língua portuguesa, já vive melhor com o Inglês do que com o Português
P.C. Sim, sem dúvida. Penso português o meu dia a dia, mas a minha
experiência é em inglês, sofro em inglês, escrevo em inglês, muito embora
tenha feito um esforço ultimamente, nos últimos anos para escrever e para me expressar e conviver em português e daí que faça um esforço para vir todos os anos porque é a minha língua mãe e é importante mantê-la.
C.M. Falámos há pouco da Internet e do português que agora pode
familiarizar-se mais facilmente com o Português: ler mais em Português
através da Internet, estar mais perto dos conterrâneos. Vai fazer isso?…
P.C. Sim, sim. É maravilhoso poder ler os jornais portugueses e faço um
esforço por ler aos fins de semana os jornais portugueses, por vezes mesmo ouvir rádio portuguesa e o facto de as comunicações serem mais fáceis hoje em dia, mais económicas, permitem-me estar mais em contacto com a minha família que ainda reside em Vale de Cambra, todas as semanas.
C.M. E tem também raízes em Vermoim, Ossela: os seus pais eram daqui, não
eram?
P.C. É verdade. A família do meu pai é de Vermoim, a família da minha mãe é de Vale de Cambra.Todos os Sábados visitávamos os meus avós a Vermoim e aproveitava a oportunidade para ir à Biblioteca Ferreira de Castro buscar os meus livros para a semana. São também um momento que me fica na memória essas visitas.
C.M. A biblioteca e essas visitas à Biblioteca Ferreira de Castro… eu tive a oportunidade de ler que marcaram um ponto importante, talvez no início da sua carreira de escritor.
P.C. Penso que foi fundamental, abriu-me o mundo, os livros abriram-me o
mundo. Lembro-me de entrar, pela primeira vez, na biblioteca e ver as
estantes preenchidas com livros e, maravilhado, levava quantos livros podia e lia 2-3 livros por semana e permitiu aperceber-me que havia outro mundo para além do mundo deste Caima e destes vales que eram pequenos e incutiu-me o gosto pela aventura, de descobrir outros modos de ser, outras maneiras de pensar.
C.M. Segundo uma entrevista que concedeu à Saturno, em que fala da aventura (as viagens à boleia, primeiro em Portugal e depois no estrangeiro…) o que é que essa aventura lhe trouxe? Com certeza, muito maior vivência para poder escrever…
P.C. Abriu-me uma janela ao Mundo. Eu sempre gostei de viver outras vidas
para além da minha, de experimentar novas gastronomias, de conviver com
pessoas que viam o mundo de maneira diferente e aperceber-me do que
significa o dia a dia, o que tal significa para as nossas vidas. Abre as
opções para a nossa vida e daí que tenha começado, talvez aos 14-15 anos, a ir à boleia por Portugal adentro, a festivais – nessa altura, era o jornal SETE que dava festivais no Campo Pequeno – ia até ao Algarve. E, devagar devagarinho, ganhava coragem para me lançar além fronteiras, ia até Inglaterra, Finlândia, Hungria.
C.M. Aí teve dificuldade para convencer os seus pais, não foi?
P.C. Sim. Nessa altura, ainda era necessário uma autorização legal escrita para um menor sair, mesmo em férias, do país e era pouco usual verem-se jovens, no início dos anos 80, a viajar de mochila às costas e muito menos com os pais protectores portugueses que têm sempre muito cuidado em ter o filho debaixo das asas maternas…
C.M. Quando é que sentiu vontade de escrever?
P.C. Eu sempre gostei de ler e escrever. O momento mais marcante foi,
talvez, no meu 1º ano do Ciclo, quando tinha 11 anos: escrevi um conto para um teste de redacção de português e o professor da altura ficou impressionado e lembro-me que o mostrou aos professores todos do Ciclo. De certo modo, condenou-me a ser escritor. Disse: um dia, serás escritor; tens talento e vê-se a semente da escrita… esse momento ficou-me. De certo modo, não prestei atenção nessa altura mas foi uma semente. Escrevi um pouco antes de ir para a universidade e, depois, deixei mesmo a escrita por uma década ou mais.
C.M. Porque é que deixou?
P.C. Penso que estava mais interessado na vivência de explorar o mundo de
uma forma física de viajar – andar nos trilhos da Ásia ou da Oceânia – e era mais uma experiência táctil do que uma experiência da mente ou de exploração.
C.M. Era uma sede de conhecimento do que o rodeava?
P.C. Sim e das possibilidades, das potencialidades das nossas vidas, o que podemos fazer delas, os ingredientes que nos são dados e o que podemos fazer com isso: ou ir buscar ingredientes mais longe e mais novos, ou quebrar essas próprias prisões em que nos inserimos – os nossos valores. Algo que foi muito importante foi descobrir as prisões dos nossos valores e como nos abrimos ao mundo.
C.M. Quando é que depois voltou a ter vontade de escrever?
P.C. Só recentemente, talvez nos últimos 7 anos, e deveu-se mais a um
aspecto de desanuviamento em expressar muita ansiedade emocional em que a
escrita se mostrou um meio eficaz de me conhecer a mim próprio, de me
expressar, de tocar os meus próprios sentimentos e isso passou de ser um
aspecto puramente privado para um aspecto mais público em que a escrita
realmente se implantou com a minha forma de expressão mor.
C.M. Há um parágrafo da sua entrevista à Saturno que diz o seguinte:” no que diz respeito à minha actividade literária no Canadá, tenho recebido apoios e incentivos significativos. Apoios e incentivos esses que seriam difíceis de conceber em Portugal, uma vez que aí o papel das artes ainda é fundamentalmente cortesia de mecenas ou, por outro lado, encontra-se sob a asa e à mercê de círculos restritos do poder e, dificilmente, penetráveis por ser uma extensão de estruturas sócio económicas onde abundam os vícios, os privilégios. Daí que, muitas vezes, se apoie não a arte mas a pessoa e o nome, o que, por vezes, resulta em apoiar a mediocridade e não a qualidade da arte produzida” Esta vivência e o nosso Portugal em confrontação com o Canadá: nota-se assim uma tão grande disparidade?
P.C. Sem dúvida. É um dos pontos que me atrai a permanecer nesse país: as
pessoas que mostram qualidade, que têm potencialidades, têm as portas
abertas. É um país de oportunidade em que não existem essas relações
longínquas de poder ou de privilégio e a qualquer pessoa que mostre esse
talento são-lhe abertas as portas, o apoio é-lhe dado e isso é demonstrado no facto de, embora eu esteja a escrever numa língua que não é a mãe, ser apoiado tanto pelo CANADA COUNCIL como por ALBERTA FOUNDATION FOR THE ART que são duas instituições de arte canadianas com critérios rigorosíssimos e que escolheram apoiar-me nas suas bolsas.
C.M. “Quando se é um mero rebento, a nossa fragilidade é maior perante o
mundo”. O é que quer dizer com isto?
P.C. Essa imagem vem dum sentido botânico, mas também emocional, do facto de quando nos estamos a lançar ao mundo e quando nos abrimos estamos
vulneráveis para receber tanto o sol que nos vai fazer crescer como a chuva, como o granizo. E, como escritor, penso que é necessário mostrar as nossas vulnerabilidades, assim como o que nos vai na alma, porque, para mim, um dos papéis do escritor é dizer o que toda a gente pensa mas que não tem coragem para dizer, para mostrarmos o aspecto mais intimo da vida que talvez tenhamos receio em tocar ou em explorar, devido a consequências sociais, a receios particulares; e um dos papeis do escritor, na minha opinião, é ir a essas fronteiras, ainda não tocadas, e mostrar que podemos crescer e podemos ganhar essa coragem para prosseguir, ir em frente.
C.M. Uma consequência que achei interessante e que está na referida
entrevista diz assim: ” no que diz respeito ao que especificamente me trouxe ao Canadá, aqui entro num plano mais privado, por assim dizer, foi uma pequena, não obstante comum, condição cardiovascular que afecta, com
particular intensidade, os adolescentes e que dá pelo nome de paixão
amorosa.” O Canadá não foi uma escolha propositada; pelo que se depreende daqui foi um acaso?
P.C. Sim. Na verdade, lembro-me que, quando cheguei ao Canadá, o que
conhecia era somente o Pierre Trudeau e os esquimós, não tinha outra noção do Canadá. E esse lançar à aventura e esse risco de ir para o desconhecido acabou por ser uma das facetas mais extraordinárias da minha vida, mudou-me a vida: transformei-me como pessoa, como cidadão, como profissional, e nunca lamentarei essa escolha. E o que me levou ao Canadá foi, na verdade, ter-me apaixonado, numa dessas visitas de mochila às costas na Turquia: conheci uma canadiana e lancei-me a uma aventura ainda muito maior.
C. M. Esse conhecimento alterou completamente a sua vida, fez com que ficasse no Canadá definitivamente…
P.C. Sim. Muito embora tenha viajado pelo mundo, depois dessa visita acabei por regressar porque, dos países que conheci, o Canadá e a Nova Zelândia seriam dos países eleitos para viver e, em termos de país como geografia, em termos de país com qualidade de vida, em termos de cuidado pelos seus cidadãos ( as pessoas são muito abertas, muito gentis, há um esforço enorme de entreajuda, há um sentido cívico extraordinário, e essa para mim é a fundamental qualidade de vida; não são os bens materiais, é a atenção que se dá ao meio ambiente. O facto de se viver numa cidade em que ainda há veados selvagens à minha porta, há caiorís, são aspectos fundamentais. De certa forma, é do que me lembro de cá, deste vale do Caima dos anos 70, em que havia a prioridade da natureza, em que havia essa qualidade de vida, o ar que era puro e que já não é).
C.M. Mas há uma coincidência entre os dois países: ambos são frios. Tem a
ver com algum gosto especial pela neve ou coisa assim no género?
P.C. Nunca tinha visto neve, antes. No entanto, adoro esquiar, adoro
patinar, adoro estar ao ar livre Não sei se será o frio ou se será o facto de os seres humanos preterirem esses países porque pensam que é demasiado frio e as concentrações se dão em países mais temperados. Daí que haja mais espaço e possamos coexistir com os outros seres deste planeta.
C.M. Vamos falar sobre o conto que foi premiado. Porquê “Rosas, Lírios e
Crisântemos”?
P.C. Ora bem. Muitas vezes, nem eu próprio sei donde vêm os títulos. Mas,
penso que, num aspecto de metáfora e de natureza, é o sentido de renovação, o sentido de a nossa vida e da nossa renovação se dar na terra onde, eventualmente, seremos sepultados e dessa morte renovamos a vida através das plantas e das plantas que dão os pólens, e da fauna, e dos pássaros, por sermos parte desse ciclo da vida. E eu gosto muito de ligar a nossa existência, como seres humanos, com o nosso planeta; as questões ambientais são prioridade para mim em termos da nossa relação e de lidarmos com a terra como se fosse outro ser e outro ente fundamental porque o ar que respiramos, a água que bebemos, os nossos próprios elementos do corpo são a água, o ar e são fundamentais. Penso que, muitas vezes, acabamos por nos esquecer que ainda pertencemos à terra e não cuidamos da nossa mãe maior.
C.M. O Manuel Sabetudo, em termos muito gerais, foi um homem que velou a sua própria morte. Este conto foi premiado. Como é que apareceu este conto, onde é que se inspirou para escrever este conto? Há alguma base ou é apenas ficção?
P.C. É ficção e fundamentalmente é uma obsessão minha a morte. Conto após
conto, acabo por regressar ao tema da morte que acaba por ser um dos
mistérios da nossa existência e procuro, através da imaginação, olhar a
morte de diversos sentidos. Nesse sentido, penso que, mesmo olhando a mim
próprio, é sempre difícil enfrentar a morte e contemplar o que significa. No momento em que nascemos estamos a abraçar a própria morte porque chegámos e é para morrermos um dia. E daí que esse tema nunca se exauste para mim.
E nesse sentido, o Manuel Sabetudo tem a coragem de abrir a sua própria
sepultura, de dormir na sua sepultura e de experimentar o que será dormir
com a terra, no âmago da terra.
C.M. Atrevo-me a pensar que, através do conto, poderá haver duas opções,
talvez por sua parte do escritor. Enfrenta a morte com olhos nos olhos, por assim dizer, ou tem medo da morte?
P.C. Em princípio, penso que as emoções nunca são claras ou de sentido
único: há sempre uma reticência, um pé atrás. É um receio mas também é um
receio que está grávido de força.
C.M. O rio Caima está presente nos seus escritos. Ele marca realmente a sua vida e ao que parece marca também a escrita.
P.C. O rio Caima é uma marca profunda no meu imaginário e da minha escrita. Aliás, o meu primeiro livro tem como personagem principal, diria eu, o próprio rio. O rio que serpenteia e permeia, os contos que estão
interligados – são vários contos no livro – o rio é a personagem constante, é o elo de ligação, é a veia que dá a vida
C.M. É uma fonte de inspiração o rio Caima?
P.C. A água sempre o foi para mim e, como cresci neste vale sempre que
escrevo, gosto de estar situado perto de água. No Canadá vou escrever para a margem do rio e quando venho a Portugal visito o Caima.
C.M. O Manuel Sabetudo não tem a ver com ninguém em especial, é uma
personagem imaginária…
P.C. Não. É totalmente ficcionalisado. Porquê o Manuel Sabetudo? Penso que talvez seja um comentário à nossa condição humana de querermos saber, essa procura do desconhecido.
C.M. Paulo Costa, o seu livro que se intitula “THE SCIENT OF A LIE” tem
quantos contos?
P.C. Tem 14 contos.
C.M. Quais são os temas dos outros ou as outras histórias?
P.C. Fundamentalmente, o livro decorre num vale imaginário que tem por nome VALE DE ÁGUA AMARGURADA, com o rio Caima a serpentear pelo vale e tem um elenco de 5 ou 6 personagens que dão vida também a esse vale. Um dos personagens é o Florindo Ramos que vive debaixo de uma árvore a sua vida mesmo na margem do rio Caima e porventura acaba por casar com a própria árvore porque decide que é muito mais gentil que os próprios seres humanos e consegue relacionar-se. Outros personagens seriam, por exemplo, a Camila Penca que é uma rapariga que consegue cheirar a mentira – sempre que alguém mente ela consegue detectar e cheirar a mentira – o que traz repercussões extraordinárias para a aldeia, que não está habituada a viver com a verdade –
C.M. São contos diversos
P.C. São contos diversos que acabam por contribuir para dar um carácter
específico a esta aldeia/vila do imaginário.
C.M. O “The Scient of a Lie” vai ser publicado em português?
P.C. Esperamos que sim. Estou a acabar a tradução para português, que penso que estará finalizada dentro de 2 ou 3 meses, e depois veremos se há interesse em Portugal de o publicar. Estão a ser feitas as traduções de alguns dos contos para italiano e espanhol…
C.M. Começou com contos. Estará no seu horizonte um romance?
P.C. Sim, sim. Estou neste momento a escrever um romance, enquanto estou de férias.
C.M. Já tem título ou deixa para o final como alguns escritores?
P.C. Não, não tem título. Ao sabor da maré vai o romance mas, quando chegar ao fim, verei. Como também no The Scient of a Lie o título chegou mesmo no fim.
C.M. É mais fácil?
P.C. É. É mais fácil porque se vê o todo.
Escrever um livro é partir numa aventura e não sei o destino. Por isso, não sei, não posso dar um destino que desconheço
C.M. Podemos saber qual é a base do romance, qual é a história? Ou, em
traços gerais o que é que saiu até aqui do seu imaginário no romance?
P.C. Será um romance, de novo, de carácter rural, com personagens muito
coloridos, onde, uma vez mais, as pessoas se debatem com as questões da
vivência do dia a dia, em termos de qualidade de vida, em termos de como
organizamos a nossa sociedade, meterá mais questões da política do dia a
dia, assim como encontraremos respostas, porventura, à poluição, ao
trabalho, ao sentido de vida. Mas ainda é prematuro, penso, mesmo para mim. Muitas vezes, o livro só começa a meio. Depois, enterra-se a primeira metade e recomeça-se, de novo, a história até ao fim.
C.M. Estamos quase no fim e vou terminar quase da forma como começámos, ou seja a falar de saudades. Diz aqui que por ironia a primeira crónica de que Albery é oriunda de Portugal onde me encontro a matar saudades. Isto foi uma crónica via Terras do Caima onde, diz, crescem os lírios, como se porventura as saudades pudessem ser aniquiladas para não mais nos inquietar. Quer dizer que vem a Portugal matar as saudades. Estas saudades vão fazê-lo voltar mais vezes, com certeza..
P.C. Penso que, com o tempo, é mais necessário regressar para abastecer
essas saudades porque o depósito da alma cada vez leva menos e é necessário abastecer mais amiúde.
C.M. Está no seu horizonte vir para Portugal definitivamente?
P.C. Não. Neste momento sinto-me em casa no Canadá como também me sinto em casa aqui. E daí que penso que a minha vida é uma de ponte: viver entre os dois mundos e em ambos os mundos.